Um dos projetos de pesquisa selecionados para a integrar a 41ª Operação Antártica da Marinha do Brasil (OP41), o Mephysto investiga características da água e do ar, a partir da análise da base da cadeia alimentar (o zooplâncton) e do pulmão do planeta (o fitoplâncton). Além disso, procura endereçar questões referentes a contaminantes, poluentes e microplásticos, em uma região considerada hotspot de biodiversidade, a Confluência Brasil-Malvinas.
Em sua segunda expedição, o Mephysto embarcou 10 pesquisadores(as) e uma jornalista científica, divididos(as) em duas pernas de viagem, do Brasil ao Chile e, depois, até a Antártica.
A equipe
Na primeira etapa da jornada, o Mephysto reuniu as áreas de biologia (Angélica Viana, da UFPE; Felipe Alexandre, da UFBA; Jorley Santos da Silva, da UFBA, e Richard Wonder, da UFPE), física (Luís Felipe Mendonça, coordenador a bordo, da UFBA; e Victor Huggo, da FURG) e química (Adrielle Martins, da UFBA; Ivy de Souza Palmeira, da PUC-Rio; e Tamires Matos Barbosa, da UFBA), além de comunicação (Iara Crepaldi, jornalista colaboradora do Ecoarte/UFBA). No segundo trecho, o coordenador geral do projeto (Moacyr Araújo, vice-reitor da UFPE) se juntou à expedição.
A coleta
A caminho da Antártica, a equipe realizou coletas de plâncton, microplástico e poluentes em 12 estações oceanográficas no total (quando o navio ‘estaciona’ em um vórtice em alto mar), com foco na região da Confluência Brasil-Malvinas (CBM) – entre outras atividades.
Para desenvolver esse trabalho, além de trajes da Marinha do Brasil apropriados para temperaturas abaixo de zero, a equipe utilizou os seguintes equipamentos: 03 redes de arrasto diferentes (para coleta de zooplâncton, fitoplâncton e microplásticos), CTD/Rossette (para perfilagem da coluna d’água e coleta em águas profundas), bomba McLane (para coleta de água), uCTD (underway Conductivity Temperature Depth, para medir temperatura e condutividade) e amostrador de grande volume (AGV) para coleta de partículas atmosféricas menores que 2,5 micrômetros (PM 2.5), entre outros equipamentos do navio, a exemplo do ADCP de casco (para perfilagem de velocidade de correntes) e da estação meteorológica a bordo.
O material coletado foi armazenado em ultrafreezers e será analisado nos diferentes laboratórios envolvidos no Mephysto, de acordo com os diversos objetivos do projeto multidisciplinar.
Em linhas gerais, o Mephysto busca relacionar padrões de turbulência às comunidades bacterianas, fito e zooplanctônicas, a fim de elucidar por que a região da CBM é considerada um hotspot de biodiversidade. A iniciativa pretende testar a hipótese da existência de uma maior diversidade em regiões de encontro de correntes de contorno e de geração de estruturas de mesoescala.
Por que isso é importante?
Entre os objetivos específicos do projeto, estão: avaliar a interação entre a comunidade microbiana e sua relação com as variáveis ambientais; desenvolver e validar a coleta e identificação de microplásticos a partir do desenvolvimento de uma metodologia de amostragem e caracterização física e química; descrever o fluxo e a eficiência trófica entre os compartimentos planctônicos e suas contribuições relativas para o ciclo do carbono; e desenvolver métodos capazes de extrair e purificar n-alcanos, esteroides, ácidos graxos, POPs, HPAs, protetor solar, fragrâncias – compostos com potencial de contaminação – em material particulado em suspensão (MPS) de águas subantárticas.
🔗 Leia mais sobre essa expedição no Diário de bordo do projeto e no Instagram Mephysto_proantar. Acompanhe!
(Texto e fotos: Iara Crepaldi/Ecoarte-UFBA)