Proantar Nordeste

Proantar Nordeste retorna da Antártica
com dados de pesquisa inovadora 

Rede de arrasto de microplástico
Foto: Karla Brunet/Proantar Nordeste

Pela primeira vez, é estudada a interação entre plâncton, microplástico e poluentes atmosféricos e oceânicos 

O projeto envolve ainda parceria inédita com Fundação Tara Oceans, além de produção artística, a partir dos dados científicos  

Rio de Janeiro, novembro de 2019 – No dia 05 de dezembro, dependendo das condições climáticas, os acadêmicos do time do Proantar Nordeste desembarcam no Rio de Janeiro. Eles retornam da 38ª Operação Antártica (OPERANTAR XXXVIII), que teve início no dia 8 de outubro. “O Proantar Nordeste reúne, pela primeira vez, uma equipe interdisciplinar em torno de um objetivo inovador. Vamos estudar a interação de elementos que, até então, eram pesquisados separadamente, como plâncton, microplásticos e poluentes atmosféricos e oceânicos, na Confluência Brasil-Malvinas”, conta Carlos Lentini, pesquisador do projeto e um dos idealizadores da proposta.   

Outra novidade do Proantar Nordeste é a parceria com o projeto Tara Oceans, que tem mapeado, há quase uma década, o genoma planctônico nos oceanos com enfoque em mudanças climáticas. “Iremos observar como os processos turbulentos definem as estruturas dos marcadores biológicos e dos componentes geoquímicos que, por sua vez, definem a estrutura trófica desses micro-organismos”, explica.  

Por que estudar o plâncton  

O plâncton é responsável pela produção de metade do oxigênio que respiramos e pela retenção de 60% de todo o carbono do mundo. Movimentado por correntes marinhas muito grandes, é a base da cadeia alimentar dos oceanos e da própria Terra, sendo a variedade de organismo mais rica que existe, em diversidade de espécies e em tipologia: inclui diversos vírus, bactérias, fitoplâncton e zooplâncton.   

Ao estudar esse sistema complexo, os pesquisadores buscam entender por que determinadas espécies de plâncton sobrevivem em lugares específicos, levando em conta diversas variáveis ambientais (da salinidade à presença de poluentes na água e no ar). “Entre outras coisas, entender e simular a distribuição do plâncton nos oceanos pode contribuir para compreendermos um pouco mais sobre variabilidade climática”, comenta Lentini. 

Equipe 

A iniciativa envolve um esforço conjunto entre 13 instituições, sendo 5 internacionais (1 Alemã, 2 Americanas, 1 Italiana e 1 Japonesa) e 8 nacionais: UFBA, UFPE, UFRN, UFRJ, FURG, PUC-RJ, SENAI/CIMATEC, UFRPE, SZN (IT), HZG (DE), UT (JP), ODU (EUA), NCSU (EUA). Ao todo, o Proantar Nordeste reúne 57 acadêmicos, sendo que 13 deles embarcaram no navio ao longo da expedição: Ana Cecília R. de A. Barbosa (UFBA); Carlos A. D. Lentini (UFBA); Fabricio S. Cruz de Oliveira (FURG); Felipe Alexandre Santana Barbosa (UFBA); Gabriel Bittencourt Farias (UFPE); Gisele Olímpio da Rocha (UFBA); Iasmim de Deus Gargur Leal (UFBA); José Garcia Vivas Miranda (UFBA); Karla Schuch Brunet (UFBA); Luís Felipe Ferreira de Mendonça (UFBA); Moacyr Cunha de Araújo Filho (DOCEAN/UFPE); Pedro de Amorim Reis (UFPE); Tamires Matos Barbosa (UFBA). 

Universidades do Nordeste na Antártica

Foto: Carlos Lentini (Professor Associado do Instituto de Física – Departamento de Física
da Terra e do Meio Ambiente – Grupo de Oceanografia Tropical – UFBA)

É a primeira vez que uma equipe do Nordeste é contemplada com um edital do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), com o projeto “Biocomplexidade e Interações Físico-Químico-Biológicas em Múltiplas Escalas no Atlântico Sudoeste”. O grupo interdisciplinar formado por pesquisadores das universidades federais da Bahia (UFBA) e de Pernambuco (UFPE) realiza trabalhos nas áreas de química, física, biologia, oceanografia, comunicação e arte.

O trabalho envolve a instalação de um uCTD (underway Conductivity Temperature Depth) no navio, para obter informações sobre a temperatura e a salinidade em profundidade ao longo da viagem. Os dados coletados pelo uCTD permitem construir a estrutura tridimensional do oceano superior e, assim, acompanhar o movimento das correntes oceânicas. Com isso, é possível identificar estruturas, como exemplo os vórtices oceânicos. “A equipe da oceanografia física irá observar as estruturas de mesoescala (vórtices) e sua resposta na parte biogeoquímica”, explica Fabrício Oliveira (IO-FURG), que irá embarcar com o uCTD em Rio Grande.

Os vórtices são fluxos em rotação originados, usualmente, a partir de correntes oceânicas mais intensas, das quais se desprendem. Eles possuem dimensões espaciais da ordem da dezenas e centenas de quilômetros em superfície, podem se estender até centenas de metros de profundidade e durar de dias a meses. Essas estruturas em rotação têm velocidade radial diferente do seu entorno, do fluxo adjacente, e, ao se formarem, usualmente, apresentam águas com características (temperatura, salinidade, nutrientes) da região de origem e não de onde encontram. Os vórtices podem influenciar nos fluxos oceânicos de calor e de massa, e no transporte de nutrientes, entre outros fatores. 

Análise dos resultados 

Os dados reunidos durante a viagem serão analisados, entre outros acadêmicos, pelo pesquisador físico José Garcia, do Departamento de Física da UFBA, que estará a bordo do navio. Especialista em análise de fenômenos naturais e sistemas complexos – como estudo de clima, de populações e de micro-organismos –, ele irá trabalhar para compreender os padrões complexos e não-lineares da natureza. “Serão analisados os dados das propriedades físico-químicas tanto da água do mar quanto das propriedades dos micro-organismos. Uma das propostas, por exemplo, estuda a rede de interação dos micro-organismos dessas regiões e o quanto elas podem estar sensíveis a mudanças climáticas”, conta José Garcia. 

Já a pesquisadora oceanógrafa Tatiane Combi, do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, integra o time que irá estudar aspectos da oceanografia química e poluição marinha na região. “Vamos tentar encontram fluxos de alguns contaminantes, conhecidos como Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), pesticidas e compostos de uso industrial, para ver o que acontece com eles na Antártica e na CBM”, conta Tatiane Combi. 

Além disso, os pesquisadores irão fazer análises atmosféricas (da qualidade do ar) e da concentração de microplástico. As interações entre esses todos esses processos também serão observadas, assim como os impactos que eles podem ter em nível regional e global.

Paralelamente, uma equipe de comunicação e arte, liderada pela coordenadora do grupo de pesquisa Ecoarte e professora da UFBA Karla Brunet (que estará no navio), irá realizar a comunicação do Proantar Nordeste, na mídia, nas redes sociais e no site do projeto, além de trabalhar em uma produção artística a partir do aprendizado científico a bordo.  

A expedição saiu do Rio de Janeiro (RJ), com dez acadêmicos. Passou por Rio Grande (RS), por Punta Arenas (Chile), onde três pesquisadores foram substituídos por outros integrantes do time, e, depois, seguiu para Antártica, onde fundeou na baía do Almirantado, uma área protegida em frente à Estação Antártica Brasileira. A expedição deve terminar no dia 05 de dezembro, dependendo das condições de mar e meteorológicas.

PROANTAR NORDESTE – Selecionado pelo edital 21/2018 CNPq/MCTIC/CAPES/FNDCT, o Proantar Nordeste é coordenado pelo professor doutor Moacyr Cunha de Araújo Filho (DOCEAN/UFPE) e vice-coordenado por Jailson Bittencourt de Andrade (SENAI CIMATEC/UFBA). Seu principal propósito é investigar o papel dos processos físico-químicos e biológicos na estruturação do ecossistema planctônico e nos ciclos biogeoquímicos na região da Confluência Brasil-Malvinas (CBM), de modo a testar a hipótese da existência de uma maior diversidade em regiões de encontro de correntes de contorno. Esse objetivo será alcançado por meio de observações oceânicas e atmosféricas, simulações numéricas e teoria ecológica envolvendo os parâmetros físicos e biogeoquímicos para o diagnóstico e a previsão da distribuição fitoplanctônica, da dinâmica do ecossistema bem como a sua resposta a mudanças climáticas no ambiente no Oceano Atlântico Sudoeste, com foco na CBM e sua extensão. 

+ INFORMAÇÕES: (11) 96191-3531 (Iara)
Site: proantarnordeste.net  
Instagram: instagram.com/proantar_ne/  
Facebook: facebook.com/ProantarNordeste/
YouTube:https://www.youtube.com/channel/UCLNRc1RvRRc-lGE5cfw0dFg/featured 
Flickr: https://www.flickr.com/photos/181827657@N03/albums 

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